quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

RETRATO DE UMA FAMÍLIA

FILHOS DE EDGARD E MARIA VIANA - 1961

Uma família tem início com a união de um casal. Um homem e uma mulher, lógico, claro e evidente! Os filhos começam a nascer: homens e/ou mulheres. Com o crescimento, os desentendimentos começam, algumas tapas são trocadas vez por outra, mas em instantes todos estão brincando normalmente. A juventude chega e tudo se repete. Um coice aqui e outro ali, mas depois a turma já está num papo bem saudável. Cada um vai fazendo sua escolha profissional e um dia pensa em CASAR.
Novas famílias vão sendo constituídas, mas os pais são sempre lembrados para aquelas visitas de Aniversário, Semana Santa, Natal e Fim de Ano. Famílias que têm acima de 5 filhos, após os casamentos destes, começam algumas divergências, agora envolvendo irmãos, genros, noras, cunhados e cunhadas. Há afinidades entre uns e rejeição entre outros. Os bem sucedidos desprezam os humildes e os humildes se sentem humilhados. É nesse momento que os portões do inferno se abrem e cada um começa a defender seus parceiros de casamento. Irmãos já não ficam mais tão parceiros como antigamente por causa das mulheres fofoqueiras. Todos têm razão em suas defesas e todos estão errados em não saber fazer uma separação das divergências. Nas reuniões familiares seguintes, o número de participantes já é bem menor. Rancores e Mágoas são esquecidos ou disfarçados, mas no coração ainda permanecem e jamais sairão, até que o folclórico Satanás leve todos para o Inferno. Alguns chegam a trocar de esposas, fato comum hoje em dia. Junto com as trocas, vêm mais divergências familiares. Alguns são religiosos apenas dentro de suas igrejas, outros detestam igrejas e outros adoram um barzinho de 5ª categoria. Ninguém vale nada, pois só pensam em si mesmos. Os outros que se fodam.
Esse texto NÃO REPRESENTA A MINHA FAMÍLIA. Mas conheço muitas famílias que são assim. Muitas mesmo! A minha também tem alguma semelhança com isso que se chamava de família.
Eu ou qualquer outra pessoa poderia ser um personagem dessa história, já que ela é muito comum. No meu caso, entro no texto pra dizer que éramos 7 irmãos homens unidos até demais. Nossas divergências eram pequenas. Nada que um tabefe no pé da “orêia” não resolvesse e depois voltasse às boas. Um irmão veio a falecer e isso contribuiu para o afastamento de uns dos outros. Qual o motivo? Indefinido até hoje. Quando alguém me fala em Família, a primeira palavra que me vem à cabeça é PROBLEMA. Dos 5 irmãos que me restaram, 3 se afastarem de mim sem motivo algum de minha parte.
Eu, Abraão, sempre fui o único que conseguia reunir esses 7 palhaços. Restaram dois que ainda me visitam, mas nem sei se gostam mesmo de mim. Um deles eu acredito que sim, já o outro eu tenho minhas dúvidas. Mas eu tenho respeito pelos dois. Certa vez um primo nosso disse uma frase que nunca esqueci: “PARENTE SÓ SERVE PRA DUAS COISAS: UMA É PARA TIRAR FOTOS PARA A POSTERIDADE E A OUTRA É PRA SEGURAR ALÇA DE CAIXÃO DE DEFUNTO.” Acredito que esse primo estava com a razão.

Um comentário:

julio disse...

Nada como uma visita e um abraço fraterno para curar esses momentos de amargor.
Deixe de modéstia. Não precisa ser jornalista para escrever bem: você escreve melhor que muitos que conheço e tem um estilo próprio, alavancado por fortes sentimentos.
Estou acompanhando as suas crônicas e breve irei à Capital Espacial lhe visitar. Forte abraço do Irmão Júlio Cezar