sábado, 13 de fevereiro de 2010

OS MARCIANOS POR ABRAÃO LINCOLN

Tudo começou com o desejo de Olival de Freitas, Heronildo e Joílton de Joca da Luz, de formar um grupo musical, em 1968. Mas não havia recursos para isso. Depois eu me juntei a eles como um incentivo a mais pra ver onde iria chegar. O trio conseguiu montar um “guitarra” fajuta, com um braço de violão, corpo de madeira feito por Ednaldo marceneiro, usando um captador de violão, assim como as cordas. Olival era o dono da bateria que foi confeccionada por ele mesmo. De fato, o trio fez a apresentação do GNSC, mas não havia nome definido. Usaram um nome de improviso, mas não foi The Oncly, que também não significa Os Tios. Daí veio a idéia de formar mesmo um conjunto. Passado algum tempo, Alberto Januário mandou fazer uma guitarra e um contrabaixo. Com a chegada de Itamar, grande solista e também acordeonista, foi feito um ensaio no Círculo Operário vizinho ao Hospital. Mas faltava um Baixista. Incentivaram-me a aprender a tocar o contrabaixo. Mas eu não tinha noção dos acordes e comprei um manual de contrabaixo, que de nada serviu, se nem no violão eu sabia os acordes e tonalidades. Olival de Freitas conseguiu comprar dois amplificadores a Os Mugs de Guarabira – PB e uma guitarra de forma parcelada. Depois que Dona Lia Pimentel entrou em cena, ela assumiu o restante dos pagamentos. Como eu fui EXCLUÍDO para tocar, arranjaram uma função pra mim, que era a de Diretor Artístico, para ficar responsável pelo repertório. Alberto ficaria como Técnico de Som e Joílton como Eletricista.
Os componentes iniciais eram Itamar (Guitarra-Solo), Heronildo (Guitarra-Base), Bernardo (Contrabaixo) e Olival (Baterista). Didi de Dioclécio havia sido consultado para ser o cantor, mas não evoluiu a conversa. Joílton não era o cantor do Conjunto. Numa reunião antes da definição do grupo, lá no hospital, Juntamos e o Alberto sentindo que seria chutado, foi armado com um revólver calibre 38 e disposto a mandar qualquer componente pra tocar na banda de Jesus. A confusão rolou solta. O primeiro nome do grupo foi THE CLEVERS. Mandei até uma carta pra Carlos Alberto da Rádio Cabugi informando a fundação, e ele sugeriu trocar o nome, pois já havia antes um conjunto famoso com esse nome. O nome já estava escrito na bateria, pois eu desenhei as letras numa cartolina e colei na bateria.
Depois Dona Lia aceitou o nome OS MARCIANOS sugerido por Dilson Gesteira a Olival de Freitas. Aí ficou legal. O letreiro que tem na bateria foi desenhado por mim. Um disco voador e o nome Os Marcianos. Pintado numa cartolina e colado na bateria. Na foto dá pra ver parte do disco voador.
Os uniformes foram confeccionados por Anália de Zé do Café. Uma calça amarela com boca de sino e duas camisas, uma roxa com botões dourados e uma azul com torçais vermelhos. Na estréia do conjunto, as roupas de Alberto e Joílton tinham as cores diferentes, pois não eram músicos. A minha eu nem quis que fizesse, pois já havia desistido por me sentir excluído. O repertório do conjunto era totalmente de músicas soladas, inclusive aquelas que foram gravadas cantadas, eram todas soladas. Todo conjunto fazia isso, até o The Jetson’s de Natal e muitos outros.
Dona Lia cedeu a casa vizinha à dela para que o conjunto usasse como sede.
AS PRIMEIRAS MODIFICAÇÕES – Itamar, o solista desistiu do conjunto por divergências musicais. Foi chamado às pressas um solista muito fajuto de São José de Campestre, chamado CHIQUINHO, pois havia um baile nessa noite. Ao revisar o repertório, CHIQUINHO só sabia solar 21 músicas. O baile foi tocado com essas 21 músicas, repetindo cada uma delas, várias vezes. Chiquinho ficou morando na sede do conjunto e passava o dia inteiro com a guitarra na mão aprendendo tudo, até que se tornou um solista de primeira categoria. O segundo a sair foi OLIVAL, mas deixou a bateria emprestada para o conjunto. Em seu lugar assumiu ABRAÃO (olha eu aí!) e Anália de Zé do café ajeitou a roupa de Olival para mim. Alberto Januário já havia pulado fora também, mas JOÍLTON permaneceu e passou a ser o cantor do conjunto. O conjunto continuou com sua infinidade de bailes na região. Agora é que entra em cena o GILBERTO, que era acordeonista e ficou tocando ESCALETA, dessas bem ruim mesmo! . Depois ele conseguiu uma escaleta melhor até encontrar uma PIANOLA. Depois entrou no grupo o grande LUCIANO para tocar piston. Tempos depois, CHIQUINHO fez umas apresentações num circo que andou pela cidade, e pediu a Dona Lia para ir embora com o circo. Levou de presente de Dona Lia, um amplificador e uma guitarra. Em seguida apareceu na cidade, um sujeito do DER chamado RENATO. O cara se achava o máximo, mas tocava ruim pra caralho. Não fui com a cara dele e mais uma vez pulei fora. Pra quebrar o galho, quem assumiu a bateria foi DUBA, filho de Loyola, conhecido como Lolóia. Duba não tocava nada, mas tinha interesse e dedicação. Baterista na cidade só havia Olival e Abraão. Nesse período, Olival pediu a bateria de volta e Dona Lia se encarregou de comprar uma bateria completa e de primeira qualidade. Duba terminou aprendendo a tocar. GILBERTO, cunhado de Bernardo era o líder, pra não dizer DONO do grupo. Em 1970, Os Marcianos foram tocar uma festa de aniversário na casa de Joílton e faltava um guitarrista-base, pois o Heronildo deixou Os Marcianos para tocar em Santo Antonio com o conjunto OS TÁRTAROS, de Zarinho. Como eu já tocava violão nos cabarés e bares da vida, fui convidado por Joílton para tocar essa festa. Com medo de errar, mesmo assim eu aceitei. Depois da minha apresentação eu fui aceito pelo conjunto. Depois que o conjunto passou a ser administrado por UBALDO de Rosemiro, que tinha idéia diferente das minhas, ainda toquei um pouco, mas depois eu pulei fora DIFINITIVAMENTE e nunca mais quis saber d’Os Marcianos.
Obs. 1 – Tudo que o grupo conseguiu foi com Dona Lia Pimentel na frente. Quem fez doação disso ou daquilo, foi pela participação dela.
Obs. 2 - Eu nunca fui solista de guitarra. Era apenas um guitarrista-base. Mas eu costumava dizer que pra tocar igual a mim, só existiam dois guitarristas-base: PIPPO do The Pop’s e ALMIR do The Fevers. A turma zonava comigo pela minha “modéstia”.
Obs - 3 A foto acima foi tirada por Nazareno Faustino e distribuída com o grupo, mediante pagamento.

7 comentários:

Lina disse...

Painho, esse sim, ficou legal...Beijo!

Anônimo disse...

Essa foi boa.Grande Abraao

Digest disse...

Caro Abraão Lincoln,
É com imenso prazer que li e reli O relato dos Marcianos. Incrivel foi relembrar todos os detalhes que você fez questão de não esquecer. Ainda mais ser lembrado como aquele que deu o nome ao primeiro conjunto musical de Nova Cruz conteporâneo de uma epoca marcante em nossa adolescencia.
Parabens Grande Historiador!
Um grande abraço,
Dilson Gesteira

Anônimo disse...

Oi Abraao. meu nome é zé carlos. ao ver essa foto fiquei muito emocionado e ao mesmo tempo tirei algumas duvidas. nessa epoca eu era ainda garoto, mais me lembro muito bem dos marcianos. todo dia que passava pra escola (colegio das freiras)via a banda ensaiando (na casa que hoje é de gilberto)e gostava muito. coincidencia ou nao aprendi meus primeiros acordes de violão com chiquinho e quando fiquei adulto, ubaldo me convidou pra tocar em sua banda, grupo musical aquarius. vim saber hoje que ubaldo tambem fez parte dos marcianos. e eu perguntei o que eu iria tocar e ubaldo me disse que era contra-baixo. eu nao sabia nem pronde ia. mais fui e aprendi alguma coisa e a banda ainda durou 3 anos. viajamos muito por aquela região, que pena que acabou. tempo bom. hoje lembro com saudade. com essa foto volto no tempo. abraços. jcasobral@ig.com.br

ABCdista Carlos Arthur disse...

Muito bom. O outro blog é esse aqui?

http://palaciolauroarrudacamara.blogspot.com/2008/03/os-marcianos.html

Anônimo disse...

vc tem foto da banda com o baterista duba ranilson se tiver por favor colocar no blog obrigado!

Anônimo disse...

vc tem a foto com baterista duba e ranilson se possivel colocar no blog!